RUI RICARDO Aí na foto como mestre de cerimônia no prêmio Top of Mind da revista FOCO |
Talento potiguar do rádio
Uma vida inteira dedicada à radiofonia nacional,
trabalhando em rádios famosas como a Globo e a Tupi, do Rio, e depois a
Sociedade da Bahia
S
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eu nome verdadeiro é Rui Inácio da Silva, 61 anos, mas
ele é mais conhecido pelo nome profissional de Rui Ricardo, que ganhou por
volta de 1975, uma vez que era comum apresentar à Polícia Federal à época o
nome civil e o artístico. Curioso é que o Rui Ricardo veio por sugestão do então
titular da PF em Natal, conta ele. Era uma época em que o rádio mantinha hegemonia
e fazia sucesso com seus programas de auditório ou de estúdio. Tipo o Sabatina
da Alegria na extinta rádio Poti e o Musishow comandado por aquele que ficaria
conhecido publicamente por Rui Ricardo
no mundo da radiofonia nacional. Rui apresentava também o Grande Jornal O Poti
junto com colegas como Liênio Trigueiro e Dilson Freire.
Rui sempre foi radialista – sua grande paixão – e jornalista também, unindo as duas atividades para ganhar projeção nacional. Além de trabalhar na rádio Poti, Rui também passou por outras rádios aqui em Natal, como a Nordeste AM. Foi um dos primeiros sindicalizados em sua categoria de radialista. Era a época de outras grandes estrelas do rádio potiguar, como Edson de Oliveira, Carlos Alberto, Jorge Câmara, Adeodato Reis, Audi Dudman, José Antônio. Além de Ademir Ribeiro com suas crônicas na Poti.
Na rádio Tupi, do Rio de Janeiro, quando se mandou daqui
de Natal, foi seduzido também pela atividade de mestre de cerimônia, função que
até hoje mantém depois que voltou para seu Estado, definitivamente, em 2003. Na Tupi se abriu um mercado novo para ele na
radiofonia nacional e passou por várias emissoras de audiência nacional. Rádios
como a Globo, do Rio, e a Sociedade da Bahia, em Salvador. Na qualidade de
cerimonialista trabalhou no Palácio Guanabara, época do governador
(interventor) Floriano Farias Lima. Logo depois veio Chagas Freitas. Esteve
também no Hotel Glória, Hotel Nacional e o Tamoyo, este último em São Gonçalo
do Amarante, ainda no Rio de Janeiro.
Passou pelo Palácio Ondina, em Salvador (BA) e no governo do Ceará. Na
Bahia ainda dirigiu rede de emissoras de rádio do senador Antônio Carlos
Magalhães
Nos anos 70 também trabalhou na TV Tupi, onde ficou de
1977 até 1980 até que ocorreu o fechamento da rede, com sede no bairro carioca
da Urca. Saiu de lá direto para a TV “S”, o embrião do Sistema Brasileiro de
Televisão (SBT) de Sílvio Santos, em São Cristovão, Rio. Rui trabalhava naquele
tempo no “Aqui e Agora” com o conhecido diretor Wilton Franco. Foi para a TV
“S” trabalhar com “O Povo na TV”.
Depois de passar pelo Ceará veio a Natal dar uma relaxada
e foi convidado a ficar aqui pelo então senador Carlos Alberto, em substituição
ao colega Liênio Trigueiro que já andava muito doente. E aí passou a apresentar aqui, a pedido do
senador, o “TJ RN” que era antes do “TJ Brasil” com Boris Casoy, no SBT. Em
seguida foi a vez de ir trabalhar no município cearense de Orós, para dirigir o
sistema de rádio e TV do cantor Raimundo Fagner, a convite dele, onde ficou por
lá dois anos e meio, conforme conta. Foi quando o então governador Ciro Gomes o
tomou emprestado por três meses para ficar em Sobral (CE), onde terminou
ficando por dez anos.
Embora aqui por Natal tenha se tornado conhecido como
locutor da Poti, Rui Ricardo iniciou sua carreira pela rádio Rural, emissora da
Igreja Católica, ainda quando era menor de idade. Depois seguiu para a Nordeste
AM, Poti e também chegou à rádio Cabugi. Mas aí virou empresário artístico e
foi o primeiro a empresariar o cantor potiguar de sucesso Gilliard, a convite
de Carlos Alberto. Estava numa segunda visita a Natal, todavia, sempre que
aparecia por aqui, não lhe faltava convite para trabalhar.
No Sudeste, o potiguar Rui Ricardo tinha uma larga folha
de serviços prestados ao rádio carioca e paulista, incluindo a Bandeirantes, Globo, Mundial, Eldorado, Tupi e
Metropolitana.
Momentos na Globo e Tupi
Rui Ricardo conta que existem dois momentos em sua vida
no rádio de audiência nacional, que os classificam como muitos importantes, pois
marcaram sua carreira e estão nas suas lembranças. Entendo que mereceriam um
capítulo à parte em sua história profissional.
O primeiro, apresentando o Globo no Ar, na rádio do Rio, às 11h, em que
José Paz Neto, o Pazinho, que ficava no controle técnico na época. Rui, em sua
estreia, ficou aguardando a vinheta conhecida, pois estava na hora do
noticiário ir ao ar, mas o controlista não soltava e ele ficava cada vez mais
ansioso.
“De repente, eu escuto por trás de mim a voz original: O
GLOOOBO NO AR”, era o vozeirão de Isack
Zeltman a decibéis de volume estrondando
dentro do estúdio onde estava Rui, que se tremeu de cima a baixo antes de ler
as notícias. Imagino! Ouvir ali “a voz de um monstro da radiofonia nacional” é
muita emoção. Era vez de Rui também
soltar a voz lendo o noticiário de repercussão nacional que até hoje existe. O
técnico do controle que fez de propósito, ora, riu à beça, divertindo-se com a
estreia de Rui em rede nacional de rádio.
O outro momento também de muita emoção de Rui no
radiojornalismo deu-se no noticiário “Sentinela da Tupi”, não sabe se
combinação do Pazinho com o controlista de lá. Só sabe que foi tudo igual, que ao
se preparar para ler o noticiário escuta a voz original de outro grande da
radiofonia nacional, Alberto Cury.
“Esses momentos são inesquecíveis!”, lembra. Ambos tais noticiários
permanecem na rádio Globo e rádio Tupy com vinhetas de abertura que mantêm a
voz original de Isack Zeltman e Alberto Cury.
Rui trabalhava na rádio Globo das 7h até 11h, lendo o
noticiário de “O Globo no Ar”, de hora em hora.
Ainda na Globo substituiu Waldir Vieira por ocasião de sua morte, num programa líder de audiência na parte da
tarde. Era à época também de Haroldo de Andrade com seu programa de variedades
pela manhã e Waldir Vieira à tarde. Dois grandes nomes do rádio carioca. Como
Paulo Lopes fazia pela manhã na Tupi, e Paulo Barbosa apresentava outro
programa à tarde. “O Rio de Janeiro tinha um rádio muito parecido com o nosso”,
diz Rui.
“Quando fui para o Rio foi exatamente por isso”, conta. O
Musishow que fazia aqui na Poti era muito parecido com o que apresentava Paulo
Barbosa lá na Tupi. Uma época que, quem se lembra, sabe que “o rádio era muito
forte”. Apesar da grande audiência
nacional da rádio Globo, Rui diz que, na verdade, sentiu mais impacto quando
trabalhou na rádio Sociedade da Bahia. Uma audiência fantástica pelo Brasil
afora. Tempo de muito assédio quando trabalhava nessas rádios famosas. “Sempre
gostei muito do rádio”, afirma.
Hoje o potiguar Rui Ricardo é mestre de cerimônia da
Assembleia Legislativa do Estado do RN e professor do Senac-RN, onde fala sobre gestão de
pessoas. Nesse tempo em que esteve fora do seu Estado, Rui voltou pelo menos
quatro vezes para trabalhar aqui a convite, até porque também fez nome
trabalhando na parte comercial e de marketing da mídia radiofônica.
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* Edição 283 de outubro de 2014 da revista FOCO
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